Sunday, June 5, 2011

Era uma vez uma Caravela...

Navegava em mares mansos e revoltos, içava suas velas com emblemas e exibia ao mundo seu poder de transformar a força do vento em velocidade.
Atravessava ondas como se não houvesse correnteza, refletia a imponência de seu casco, trabalhado em carvalho, nas águas límpidas por onde passava.
Levava tripulantes ansiosos por desbravar e descobrir caminhos virgens.
Orientados pelas constelações e tateando o oceano, a tripulação buscava a terra prometida com a esperança de retornar com tesouros e histórias de suas conquistas.
Nem só de calmarias gozavam os viajantes, as tempestades ainda estavam por vir. Dias e noites passaram, o alimento já não era suficiente para saciar a fome de todos, a febre começava a atingir os sãos, a raiva contaminava os fracos que disputavam seu lugar ao convés, marujos abandonaram a embarcação, e abortar a missão despontava como a decisão mais prudente.
Para manter a chama de seu desejo de conquista acesa, o Capitão foi obrigado a sacrifica-se, jogar ao mar suas cargas pesadas e abdicar de seus valores.
A tempestade passou, as reservas de alimentos se findavam, a tripulação estava doente, as avarias eram muitas, o casco rachado, as velas rotas e rasgadas, o mastro desgastado, mas a Nau seguia sua viagem à deriva, com instrumentos de navegação precários, saía da sua rota original e se perdia pelo oceano.
Na esperança de encontrar uma ponta de terra, cercados pela imensidão dos mares, uma voz feminina ecoou:
"-Venha almoçar Bertinho, a comida já está na mesa e irá esfriar!"
Vá Capitão, estaremos sempre aqui à sua espera para mais uma aventura nessa distinta Caravela.